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PLURAL: os textos de Juliana Petermann e Eni Celidonio

redação



O Mito 

Juliana Petermann 
Professora universitária


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Um chiclete engolido demora sete anos para ser digerido. As moscas vivem 24 horas. Engolimos oito aranhas por ano enquanto dormimos. A comida que cai no chão leva cinco segundos para se contaminar. Einstein foi reprovado em matemática. A Grande Muralha da China pode ser vista do espaço. O que todas essas afirmações têm em comum? São um mito. O El País listou esses e outros que circulam entre nós e que não passam de uma informação imprecisa ou incoerente. São as coisas que o povo diz. Aquilo que uma pessoa conta para a outra, mas que carece de comprovação. Ou muito pelo contrário: os testes verificam o seu equívoco ou fraude.

UM CONTO E UM PONTO

Muitas são as perspectivas teóricas sobre o mito. Mas gosto, particularmente, da que foi proposta por Roland Barthes, semiólogo francês, que define o mito como uma fala. Não uma fala qualquer, mas uma fala que altera, adultera, transforma e desloca o sentido de algo.

Funciona como um quebra-cabeça, no qual cada fala- e aqui inclui-se o que falam as pessoas, as instituições, e, especialmente, aquilo que a mídia fala - funciona como uma peça na constituição de um novo sentido.

PARA QUE SERVE O MITO?

Por não ser algo em si, mas aquilo que se diz sobre algo, o mito é utilizado para seduzir e convencer. Muito possivelmente, quando criança, alguém amedrontou você com a história do velho do saco. Não é? Uma história sem comprovação - mas que deve possuir algum referente ou acontecimento desencadeador - contada com o objetivo de que as crianças não saiam às ruas sozinhas. O velho do saco não é um fato, é uma fala, constituída de fragmentos de discursos, visando um determinado convencimento: é um mito.

QUAIS MITOS TE CONVENCEM?

Anti-corrupção, anti-comunista, sujeito simples e viril, até bronco, conservador. São peças do quebra-cabeça que constituiu o mito do mito. Não é a primeira vez que o Brasil deixa-se seduzir. Lembremos do mito do "caçador de marajás", rapidamente desmantelado, e composto ainda dos fragmentos jovem, elegante e atlético.

Em comum, os seguintes aspectos: ambos apresentaram-se como cristãos, patriotas, outsiders, arautos da nova política e ambos andam de jetski em meio a crise. Mas vejamos: um mito nem sempre implica uma história falsa, nem uma história verdadeira.

Porém, o mito do mito é fala sobre fala, história sobre história, narrativa sobre narrativa, que revela pouca ou nenhuma base na realidade, demonstrando-se pouco ou quase nada operante para liderar uma nação.

Com certeza, vai melhorar

Eni Celidonio 
Professora universitária


style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever">Quando cheguei em Santa Maria, em 1982, pensava em terminar meu curso de Jornalismo por aqui. Era o que eu queria fazer na vida, mas meu pai já vaticinara: "você vai ser advogada, jornalismo não é profissão pra você"... Sim, nos setenta ainda se obedecia ao pai. Pois bem, ele morreu em julho de 1976 e, no ano seguinte, estava eu sentada nas salas de aula do Curso de Jornalismo. Mas como já afirmei, vim pra Santa Maria, com um filho de dois anos, permiti a mim mesma um ano de adaptação e entrei na UFSM. Primeiro susto: devia dois semestres; aqui, tinha que refazer várias disciplinas, porque todas eram pré-requisito. Some-se a isso o segundo susto: uma greve monstra! Então resolvi terminar minha carreira de jornalista e fazer Letras na FIC.

Quando terminei meu curso de Letras, fiz concurso para o Estado e para o Município. O Estado jamais me chamou; assumi o Município em 1990, numa escola de Itaara, o Neíta Ramos. Tudo seguia normal até que me vi mudando para Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, onde fiquei um ano. Voltei para Santa Maria e resolvi fazer Mestrado em Literatura. Onde? Na UFSM. Terminei meu mestrado e fiz concurso para professor substituto em Literatura Portuguesa. Dois anos depois, entrei como professor efetivo num Concurso para Teoria da Literatura.

E o que vocês têm a ver com isso? Nada... É só para justificar o que vou dizer adiante...

NADA DE MÚSICA

Durante muito tempo, quem trabalhou no Centro de Artes e letras (CAL) conviveu com música, seja nas aulas de percussão, corda, metal e canto, seja nos saraus que aconteciam no hall do prédio. Respirava-se arte o dia inteiro. O tempo passou, mudamos de prédio duas vezes e estamos novamente perto da música, ou seja, conseguimos ouvir os instrumentos do 40A.

E então veio a Covid-19. Aula remota, todos trancados dentro de casa. Nada de música... Nada de música? Não mesmo! Recebo um vídeo maravilhoso, que me levou às lágrimas e a um orgulho que não cabe em mim: A Orquestra Sinfônica de Santa Maria e a Magical Mystery Band juntaram-se aos médicos Arno Britz, Juliano Rigon, Vítor Calegaro e Cristiano Abaid e, com arranjo de Dilber Alonso e regência do maestro João Batista Sartor, fizeram uma homenagem a os que lutam contra a pandemia.

ACESSEM E FIQUEM EMOCIONADOS

Ao homenagearem médicos e pacientes (o espaço sugerido é o Husm), Here comes the sun, canção dos Beatles, mostra-se uma injeção de otimismo para quem está sem esperança de dias melhores. A abertura do vídeo, de um médico que troca os paramentos por um instrumento musical, reafirma a esperança de todos nós e mostra, de maneira clara, como Ciência e Arte sustentam esse mundo. Já está disponível no Youtube e no site farol.ufsm. br. Acessem e fiquem emocionados e esperançosos, e vejam como é lindo de ver como a minha instituição usa e abusa da balbúrdia!

Falando em Ciência e Arte, já temos ministro da Saúde e da Educação? Só curiosidade...

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